PESQUISA UFPE revela que o uso de eucalipto é eficaz para recuperar solo degradado por mineração, no Cabo de Santo Agostinho
Solo teve melhora de propriedades biológicas
O plantio de eucalipto em áreas degradadas pela mineração contribui para a recuperação do solo. É o que indica pesquisa realizada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em minas de argila exploradas
há mais de 15 anos no Cabo de Santo Agostinho, Grande Recife.
O estudo analisou os níveis de carbono e nitrogênio, substâncias consideradas importantes nutrientes, e também a composição e atividade dos microrganismos do solo. “O reflorestamento com eucalipto resulta em melhoria significativa das propriedades químicas, físicas e especialmente biológicas do solo”, atesta Vilma Maria dos Santos, autora do trabalho.
Nos testes, realizados para o doutorado em Biologia de Fungos, sob a orientação da professora do Departamento de Micologia Leonor Costa Maia, a bióloga comparou as propriedades do solo em cinco áreas. Três são de plantios de eucalipto implantados após extração de argila entre dois e seis anos. Uma outra é de vegetação nativa, predominantemente mata atlântica, usada como referência das características originais do solo.
A quinta é uma área em processo de recuperação espontânea.
“Nesse contexto, o plantio de espécies florestais representa uma alternativa que pode auxiliar na melhoria das propriedades do solo, além de colaborar com o sequestro de gás carbônico da atmosfera.
Originário da Austrália, onde conta com cerca de 600 espécies, o eucalipto é uma das plantas mais usadas em projetos de revegetação no Brasil, muitas vezes em detrimento de espécies nativas, como a candeia, também com taxa de crescimento alta. Na opinião de Vilma dos Santos, a expansão da área plantada com a árvore se deve à boa adaptação ao clima do País, assim como às variações do regime de chuvas.
“Associados a esses fatores está a alta taxa de crescimento, que gera ciclos de curta rotação”, afirma a bióloga.
Em Pernambuco, a espécie utilizada para o reflorestamento de áreas degradadas pela extração de argila é o Eucalyptus grandis. No local de estudo, a retirada da argila é realizada desde 1998 e a revegetação foi iniciada em 2002. O plantio foi realizado em covas de 20 centímetros de profundidade, com espaçamento de três por dois metros e fertilização com adubo químico.
SERAPILHEIRA
“No nosso estudo, os valores de carbono e nitrogênio encontrados nas três áreas reflorestadas foram mais elevados que os observados na floresta nativa”, garante Vilma.
A pesquisadora informa que a acumulação de nutrientes e a formação do solo em locais de replantio são reguladas pela vegetação, incluindo a qualidade e a quantidade de serapilheira, como é chamada a camada
de folhas mortas que se forma no chão da floresta.
Estudos citados pela pesquisadora na tese de doutorado mostram que a serapilheira do eucalipto decompõe-se lentamente, resultando na imobilização e armazenamento de quantidades significativas de
nutrientes, especialmente carbono e nitrogênio na superfície do solo.
A baixa taxa de decomposição das folhas mortas de eucalipto é atribuída à pobre qualidade nutricional, quando comparada aos índices das florestas naturais. Os resultados da pesquisa, diz Vilma Maria dos
Santos, demonstram que a revegetação com eucalipto promove o rápido restabelecimento do funcionamento microbiológico e o desenvolvimento da comunidade microbiana em solos de mineração de argila.
Fonte: Jornal do Comércio – 05 -05-2013