Governo retoma discussão de novo código de mineração e a AGP emite seu posicionamento.

O governo federal retomou nesta sexta-feira (25) a discussão do novo código de mineração, em gestação na Esplanada dos Ministérios desde 2010.

A Casa Civil promoveu uma maratona de reuniões com diferentes representantes do setor hoje, entre eles o comando da Vale, para finalizar o novo marco regulatório da mineração.

O intuito é mandar o novo texto para o Congresso até março. Ele já passou por idas e vindas não apenas pela Casa Civil, responsável pela redação final do código, mas também pelos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda.

Entre os temas em discussão estão o aumento da alíquota dos royalties de exploração dos minérios –estipulando uma taxa de até 4%–, a realização de leilões para outorga de áreas de mineração e a criação de uma nova agência para regular o setor.

A retomada da discussão está sendo conduzida pela ministra Gleisi Hoffmann.

“Ela ouviu muito, mas não disse como vai ser o código. Depois de ficar quase um ano mudo, considero relevante essa decisão do governo de colher opiniões de diferentes representantes do setor”, disse Flávio Erthal, presidente Abemin (Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Geologia e Mineração), que participou de uma das reuniões de hoje.

Erthal afirma que deixou uma série de sugestões na Casa Civil –a principal delas é um pedido para descentralizar determinadas ações de fiscalização, que passariam a ficar a cargo dos Estados. “Tem que haver uma parceria maior entre União e Estados, até para desafogar o DNPM [Departamento Nacional de Produção Mineral]”, disse o representante das entidades estaduais de mineração.

PROPOSTA PARALELA

A demora do governo em encaminhar a reforma do código de mineração ao Congresso levou a oposição a apresentar uma proposta paralela que aumenta o valor dos royalties e institui uma cobrança extra sobre as grandes jazidas.

Ela foi apresentado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal nome da oposição para disputar a eleição contra a presidente Dilma Rousseff em 2014.

 

Opinião da AGP 

A reforma do setor mineral brasileiro e a adoção de uma nova política mineral está se transformando numa verdadeira novela, pois vem se arrastando e sendo mal conduzida desde o governo Lula. A discussão e elaboração de um novo código de mineração/marco regulatório de forma “secreta”, como foi preparado o anteprojeto que se encontra na Casa Civil, é um erro estratégico que tem trazido prejuízos ao País. 
A nova política mineral (política propriamente dita, base legal e administração), deveria ser precedida de ampla e aberta discussão com todos os segmentos da sociedade envolvidos na atividade. Este debate/discussão certamente facilitaria a tramitação dos projetos de lei no Congresso Nacional.
A política mineral deve priorizar pontos como a expansão do conhecimento geológico do território  e a agregação de valor à produção mineral, enquanto a administração deve estar centrada no dispositivo constitucional que estabelece que os recursos minerais são bens da União e que portanto, os órgãos que vão gerir este patrimônio, seja ele o DNPM, ou uma Agência que venha a substituí-lo, deve ser ágil, moderno e dirigido por profissionais de carreira, bem qualificados e remunerados.