Debate: Exploração do minério de ferro no Norte de Minas

No momento em que o Norte de Minas atrai os holofotes e ganha destaque como palco de minério de ferro e fonte de exploração de riquezas, não poderíamos deixar de lembrar que toda fonte de exportação, pode transformar-se em desenvolvimento local. Não somente exportando nosso tesouro através dos minerodutos e ferrovias, mas principalmente incentivando a transformação desse minério, em aço.

Vamos agregar valores e transformar nossa região numa das mais desenvolvidas economicamente. Fazer com que boa parte desse minério seja transformado em aço que será usado em produtos como automóveis, geladeiras, peças para aviões e muitos mais.

Fazer como o Japão, Coréia do Sul e Alemanha que possuem pouquíssima matéria prima, mas que importam material e beneficiam esse minério, agregando valor.

É preciso ter consciência, e fazer deste novo ciclo uma oportunidade para o desenvolvimento sustentável, para que não fique aqui na nossa região apenas as mazelas e impactos ambientais resultados dessa exploração de mineradoras.

Temos riqueza, vamos explorá-la e utiliza-la para promover a industrialização do Norte de Minas. Vamos olhar o exemplo da China, que é rica em recursos minerais, e mesmo assim ainda importa muitos minérios de outros países, transformando esta matéria prima em produtos industrializados. Hoje a indústria chinesa abastece praticamente todo o mundo com produtos para todas as necessidades humanas. A China é o país que mais cresce no mundo porque baseia o seu desenvolvimento na exportação de produtos industrializados e não em matéria prima.

Não é possível que o Brasil não aprenda isso. As lideranças políticas têm de entender esse modelo, e atuarem com firmeza para mudarem a situação da economia de Minas Gerais que tem hoje 70% de sua economia baseada em exportação de matéria prima (minério de ferro).

Vamos seguir o exemplo de cidades como Ipatinga e Timóteo que se destacam como Vale do Aço pela sua vocação industrial. Empresas como Usiminas, Acellor – Mital, Acesita, são as responsáveis pelo milagre do desenvolvimento econômico dessa região do leste de Minas. Ipatinga, município jovem com cerca de 90 anos de criação, conta hoje com saúde de qualidade e educação que é destaque em nível nacional. O minério chega lá e é transformado em aço. Também não podemos deixar de citar o mal exemplo da cidade de nosso poeta Carlos Drummond de Andrade, Itabira, que possui baixos índices de desenvolvimento humano e econômico. Em Itabira, a mineradora Vale retira o minério e o leva para Vitória no Espírito Santo e o exporta para os Estados Unidos, Europa e Ásia, ganhando muito dinheiro e deixando crateras, danos ambientais e a pobreza perdurar nas montanhas do município. Definitivamente o modelo de exploração de minério de ferro de Itabira não interessa ao Norte de Minas.

Nas regiões de Ipatinga e Timóteo, há valor agregado ao minério de ferro. Lá, eles, transformam o minério em aço e utensílios de aço, exportando produtos de alto valor agregado, ou seja, geram empregos de qualidade para a população local e impostos para as cidades, para Minas Gerais e para o Brasil.

A opção para o Norte de Minas não é outra, senão transformar Rio Pardo de Minas, Grão Mogol e Salinas em “Ipatinga” ou “Timóteo”. As lideranças políticas, empresários e o Estado devem incentivar este modelo de exploração do nosso minério de ferro.

Vamos investir aqui, trazer a indústria para cá. Criar projetos para transformar esse minério em produtos de alto valor agregado como perfis metálicos, bobinas de aço, aço inoxidável, peças para indústria automobilística, etc.

Todos sabem que a exportação é desonerada de tributação e que a simples exploração de minério para exportação gera pouco rendimento fiscal para o estado brasileiro. Não podemos contentar apenas com essa pequena fatia fiscal, que será paga aos municípios pela área explorada.

Temos que ter como meta beneficiar no Norte de Minas pelo menos 1/3 do minério daqui extraído. Raciocínio este que deve ser seguido por outras regiões de onde são extraídos grandes quantidades de minério de ferro, como é o caso do Estado do Pará.

Estamos abertos para recebermos empresários e abrir a nossa economia para investimentos estrangeiros aqui na nossa região. Tragam suas indústrias para cá. Não levem o nosso minério para serem industrializado longe daqui.

Doutor Jamil Curi, sabemos do seu valor, da sua história de vida e rendemos todas as homenagens e honrarias ao senhor. Mas não aceitaremos esse discurso apelativo para apoiarmos cegamente a exploração do nosso minério de ferro, simplesmente implantando minerodutos ou ferrovias para levar daqui a nossa riqueza. Não Doutor Jamil, nós queremos que concomitantemente a construção da ferrovia, ou do mineroduto ou de ambos, seja iniciado o processo de industrialização do nosso minério de ferro, implantando na nossa região, um pólo siderúrgico e no futuro não muito distante, um vale do aço do Norte de Minas.

Sonho Doutor Jamil com o momento em que nossas famílias não precisem mais serem divididas, enviando seus filhos para irem trabalhar em São Paulo, Uberlândia e Ipatinga. Que nossas faculdades formem engenheiros e tecnólogos para trabalhar na nossa região.

A opção agora é industrializar para que nossos filhos fiquem aqui. Somos sim a favor da exploração do minério, mas somos conscientes de que boa parte deste minério deverá ser beneficiado aqui em nossa região.

Queremos desenvolvimento econômico. Chega de programas sociais paliativos que só iludem o nosso povo. Industrialização do minério de ferro já.

 

Fonte: onorte.net