Da gipsita ao ouro, a corrida se acelera

Autora: Micheliny Batista – michelinebatista.pe@dabr.com.br

 

Mineração em Pernambuco? Sim, senhor. E não é somente gipsita no Sertão do Araripe. Está havendo uma procura cada vez maior por outros minerais no estado, especialmente níquel, ferro e até mesmo ouro. Os requerimentos para pesquisa praticamente duplicaram ou triplicaram em relação aos anos anteriores no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Segundo o superintendente do DNPM em Pernambuco, Paulo Jaime Alheiros, o departamento registrava entre 300 e 400 requerimentos para pesquisa por ano no estado e, em 2011, esse número já passou de mil. Foram 394 para pesquisar níquel, 163 para ferro e 99 para ouro, sem falar nos minerais mais tradicionais, como granito, calcário, areia etc.

“Pernambuco tem mineração mas nunca foi de grande porte, como é na Bahia, no Pará ou em Minas Gerais. Essa atividade sempre esteve muito focada na exploração do gesso, das argilas e agregados. Parece que agora as empresas estão tendo novas informações geológicas, talvez por isso tenha aumentado tanto o número de requerimentos”, interpreta Alheiros.

Entre os recursos mais utilizados atualmente para localizar minérios está a geofísica aérea. Alheiros acredita que não se trata de mera especulação, já que a pesquisa tem um custo. A empresa paga uma taxa de requerimento e quando começa a produzir também paga a chamada compensação financeira. De acordo com o DNPM, são cerca de 40 as empresas autorizadas a exercer a atividade de mineração em Pernambuco.

Uma delas é a Votorantim Metais. Há rumores de que a empresa está pesquisando níquel no município de Macaparana e cidades vizinhas, na Mata Norte. Procurada pela reportagem, a Votorantim informou apenas que “possui alvarás de pesquisa para exploração mineral em aproximadamente 40 municípios do estado de Pernambuco”. Na nota, acrescenta que esses trabalhos têm “um processo de maturação de longo prazo, que pode levar até dez anos”.

As entidades do setor costumam argumentar que, nos municípios onde ocorre a mineração, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior do que a média do IDH dos estados. Em Araxá (MG), por exemplo, onde se explora nióbio, o IDH do município é 0,799, enquanto que o do estado é de 0,766. Em Parauapebas (PA), onde se explora ferro, o IDH municipal é de 0,740, contra 0,720 do estadual.

A indústria de mineração do Brasil é a quarta maior do mundo, de acordo com a United States Geological Survey (USGS), entidade norte-americana que é referência mundial do setor. O maior número de empresas está no Sudeste (3.392), depois no Sul (1.901). Outra entidade, o Centro de Estudios del Cobre y la Minería (Cesco), estima que o Brasil receberá US$ 58 bilhões em investimentos nesse setor até 2015.

Já o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) prevê que a produção brasileira de minerais vai duplicar até 2015, chegando próximo a 771 milhões de toneladas. Neste ano, a previsão é a de que a produção mineral brasileira atinja um novo recorde, ao cravar US$ 50 bilhões. Caso a previsão se concretize, isso representará um crescimento de 28% em relação a 2010, quando o valor registrado foi de US$ 39 bilhões. Em dez anos, então, essa indústria terá crescido 550%, saltando de US$ 7,7 bilhões, em 2001, para US$ 50 bilhões neste ano.

Fonte: Diário de Pernambuco ( Caderno de Economia | 30/10/2011 )