Faltam geólogos especializados para o sistema de monitoramento de desastres
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A falta de geólogos especializados em análise de solo pode prejudicar o funcionamento do Sistema de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que o governo está criando para evitar graves consequências de enchentes e deslizamentos.
“Não temos geólogos disponíveis para o tamanho do problema. O Brasil não convivia com problemas de mudança climática. As chuvas estão se intensificando, as precipitações são muito agressivas, os extremos climáticos estão se acentuando”, reconheceu o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, em entrevista após participar do programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República em parceria com a EBC Serviços.
Segundo Mercadante, não há como resolver essa dificuldade em curto prazo. “Não temos profissionais disponíveis no mercado. São poucos geólogos especialistas e a maioria está na mineração e no petróleo. Há pouca gente trabalhando nessa área [monitoramento de desastres], que é basicamente de política pública”, avaliou o ministro.
O ministro destacou que o trabalho do geólogo é importante para fazer a topografia de relevos vulneráveis e classificar o volume de chuva que pode acarretar o deslizamento. Esses profissionais são necessários para que as prefeituras façam o mapeamento de morros e encostas (cartas geotécnicas ) e leiam dados sobre o volume de água no solo e, assim, possam alertar sobre o riso de deslizamento. “Esse é o maior desafio, a maior barreira para ter um sistema completo de prevenção”, ressaltou ele.
A intenção do governo é que “cada cidade que esteja em uma área de risco tenha uma sirene e as pessoas saibam o que tem que fazer após o toque, cumprindo a orientação que ela teve”. “Dessa forma é que nós vamos diminuir significativamente o número de vítimas”, acrescentou Mercadante. Ele avalia que a falta da análise geológica diminui a credibilidade dos alertas. “O sistema não será consistente se não tivermos mapeamento da área de risco.”