Argila brasileira tem potencial para atender às indústrias de fármacos e cosméticos
Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP – O Brasil é um dos principais fornecedores mundiais de argila. Mas as argilas do país são, em geral, produtos de baixo valor agregado, usados em grandes quantidades. A bentonita (argila constituída essencialmente por argilominerais esmectíticos), por exemplo, produzida no país é utilizada majoritariamente na extração de petróleo, gás e água, na pelotização de minérios de ferro, em moldes para fundição de metais e como leito sanitário para animais domésticos.
Situação semelhante ocorre com os caulins (constituídos essencialmente por argilominerais cauliníticos), cujos principais destinos são as indústrias de papel e de cerâmica. Não há registros do emprego de bentonitas e caulins brasileiros em ramos nobres, como as indústrias de fármacos e cosméticos, ao menos em grande escala.
“De modo geral, esses segmentos, principalmente de fármacos e nanocompósitos, utilizam argilas importadas, pois ou não existem similares nacionais com o mesmo grau de pureza ou os fornecedores daqui não conseguem manter o padrão de um lote para o outro”, disse à Agência FAPESP o engenheiro Francisco Rolando Valenzuela Diaz, professor da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP).
Com o objetivo de avaliar o potencial do país para modificar esse cenário, Valenzuela Diaz coordenou, recentemente, a pesquisa “Purificação, reologia, caracterização mineralógica e modificação de argilas brasileiras para uso em cosméticos, fármacos e outros produtos de alto valor agregado”, com apoio da FAPESP.
“Nosso projeto investigou 20 tipos de argila de diferentes lugares do Brasil, purificou-as e estudou seu potencial para usos mais nobres, tais como fármacos, cosméticos e nanocompósitos de argilas com polímeros, visando a sua capacidade de reprodução de resultados”, afirmou. “Das argilas que estudamos, as que apresentaram os melhores resultados foram as bentonitas da Paraíba; uma bentonita de Vitória da Conquista, na Bahia, e alguns caulins do Pará.”