Mineradoras sofrem cerco do governo paraense
O Pará fechou o cerco a mineradoras que não estão pagando uma taxa de mineração criada pelo Estado neste ano e passou a apreender, nas fronteiras, mercadorias importadas pelas empresas.
Desde o último dia 10, estão apreendidas 42 cargas que totalizam 800 mil, de acordo com a Secretaria da Fazenda. São principalmente máquinas industriais.
O governo afirma que as mercadorias só serão devolvidas mediante pagamento das dívidas. Cinco cargas já foram liberadas, após as empresas quitarem os débitos.
Das 150 mineradoras cadastradas 30% não estão pagando a taxa. O órgão não informa o nome das inadimplentes devido a sigilo fiscal.
A Vale confirmou à Folha que teve itens apreendidos e informou que está “em conversas” com o governo do Pará para “resolver a situação”.
A empresa havia obtido liminar na Justiça do Estado permitindo que pagasse a taxa apenas em depósito judicial (a uma conta da Justiça), e não ao governo. Ainda assim, foi afetada pela medida.
Além do Pará, Minas Gerais e Amapá também criaram taxas semelhantes para este
ano. O argumento é que a arrecadação será usada para aprimorar a fiscalização sobra a atividade.
O Pará estima arrecadar R$ 800 milhões anuais com a TRFM (taxa de controle, acompanhamento e fiscalização dos recursos minerários).
As mineradoras se opõem à cobrança. Elas entraram com ação no Supremo Tribunal Federal para tentar derrubá-la, mas a questão ainda não foi julgada.
O principal argumento é que a taxa é inconstitucional, pois caberia apenas a União legislar sobre recursos minerais. Procurado, o Sindicato das Indústrias Minerais do Pará não se manifestou.
FOLHA DE SÃO PAULO, QUARTA-FEIRA, 19 DE SETEMBRO DE 2012