É mais fácil culpar o servidor público

Praticamente todos os setores do serviço público federal ou estão em greve, ou realizando operações padrão com paradas periódicas, a fim de demonstrar ao Poder Executivo sua plena insatisfação não só com salários, como também com condições de trabalho. A grande imprensa, que podia amenizar essa situação ouvindo os servidores e informando o público sobre as razões que os levaram a recorrer à greve, que é uma medida extrema, ao invés de exercer esse papel procura jogar a população e o governo contra os servidores.

A imprensa dá a entender que o servidor público é o grande vilão. Todavia, se existe um vilão este é o governo, que se mostra incapaz de resolver a situação, esforçando-se por atender às reivindicações justas do funcionalismo, como melhoria de condições de trabalho, fim da contribuição previdenciária dos aposentados e correção dos salários de acordo com a inflação. O governo simplesmente cruza os braços e nada faz. Se o governo tivesse se adiantado, calculando como, quando e onde poderia atender às reivindicações dos servidores sem estourar o orçamento e sem comprometer seus programas, as greves teriam sido evitadas, mas nesse particular a imprensa se omite, fingindo que apoia a presidente Dilma Rousseff quando se trata de fustigar os servidores.

O pior é que efetua comparações com base em dados irreais para afirmar que o setor público paga melhor do que o privado. Trata-se de uma meia verdade bastante prejudicial ao correto entendimento da questão salarial. Realmente, nos cargos iniciais de carreiras de nível superior, e nos cargos de nível básico ou médio, os salários são maiores do que na iniciativa privada, mas quando de trata dos cargos finais das carreiras de nível superior, a remuneração é muito mais baixa do que na iniciativa privada, o que resulta em total falta de estímulo. Se, por exemplo, o Adicional de Tempo de Serviço não tivesse sido eliminado, durante o governo do PSDB, a defasagem nas carreiras de nível superior não estaria ocorrendo.

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