Apagão da Geologia
O Brasil vive um momento sem precedentes com a valorização das commodities minerais e as novas descobertas petrolíferas. Esse cenário, obviamente animador, nos leva a uma reflexão: o país está preparado para formar mão de obra qualificada e tirar o máximo proveito de tudo isso?
Praticamente desconhecido há 50 anos, o geólogo já foi visto como uma espécie de “cientista exótico”, longe da civilização. A partir do final do século passado, uma série de eventos começou a tornar a profissão mais visível. Há consenso praticamente universal de que o filme Jurassic Park teve um papel essencial nesse processo, trabalhando com o inegável carisma dos dinossauros. Pouco depois, foram as catástrofes que colocaram a geologia em evidência: tsunamis, terremotos, deslizamentos em áreas urbanas, problemas em obras públicas visivelmente ligados a falhas na interação da engenharia com elementos da natureza etc.
No Brasil existem cerca de 30 cursos de graduação em geologia que formam uma média de 560 profissionais por ano com o emprego já garantido. Eles se somam aos aproximados 13 mil geólogos na ativa.
Pode-se afirmar que qualquer obra de infraestrutura exige a presença de geólogos. Especialistas acreditam que o mercado poderia absorver mais de três vezes o número de profissionais que já trabalham atualmente.
Nos dados da Sociedade Brasileira de Geologia, só para cobrir a área do Pré-Sal seria necessário contratar pelo menos 10 mil geólogos nos próximos cinco anos. Muitos deles deverão ter uma formação altamente especializada, o que demanda aproximadamente 11 anos de estudos. A falta de mão-de-obra poderia acarretar a importação de especialistas de outros países, alternativa desastrosa para os cursos nacionais e, mais complexa do que pode parecer, já que a aplicação da geologia é, em boa parte, dependente da realidade local.