13 Geossítios no litoral sul de Pernambuco de grande potencial turístico.
Inventário inédito aponta atrativosgeoturísticos do litoral sul dePernambuco |
Renata Reynaldo
Quem sabe onde, em Pernambuco, se encontra um geossítio de relevância internacional? E, ainda no Estado, qual ilha foi alvo da primeira invasão francesa no Brasil, nos idos de 1531? As respostas constam da tese “Patrimônio geológico e estratégias de geoconservação: popularização das geociências e desenvolvimento territorial sustentável para o litoral sul de Pernambuco (Brasil)”, defendida por Thaís de Oliveira Guimarães, no Programa de Pós Graduação em Geociências da UFPE, e revelam uma pequena parte das curiosidades científicas e atrativos turísticos dessa região, cuja faixa litorânea é um dos últimos elos entre os continentes africano e sul-americano.Dando ênfase às características geológicas das localidades, a autora da pesquisa identificou e descreveu 13 geossítios que margeiam o setor sul litorâneo estadual e que, segundo consta na tese, “apresenta praias com formas e características bem diferentes das demais ao longo da costa, uma vez que a região passou por fortes movimentações tectônicas, dando origem a intenso magmatismo plutônico e vulcânico e ao Oceano Atlântico”. Com uma variedade que contempla desde trilhas de geoformas a processos erosivos como cachoeiras, os locais foram investigados a partir de bibliografia, levantamento in loco e sondagens qualitativas e quantitativas. A seleção das localidades foi feita com base em critérios de relevância científica, educativa, turística, cultural (tangível e intangível) e risco de degradação. Dentre elas, os geossítios de Pedras Pretas, o Banho de Argila de Gaibu, o Promontório do Cabo, o Neck Vulcânico da Usina Ipojuca, o Estuário e Várzea do Una, além dos Arenitos Algálicos da Praia de Carneiros estão incluídos em roteiros e excursões didáticas de escolas da educação básica, ensinos médio e superior da região. Além desses, os geossítios da Ilha Vulcânica de Santo Aleixo, de Formas e Meandros do Rio Formoso, da Cachoeira da Bulha, das Piscinas Naturais de Porto de Galinhas e dos Beachrocks de Muro Alto figuram em roteiros oferecidos por operadoras de turismo da região e são divulgados como atrativos nos sites das prefeituras municipais. INDICADORES | Sob o aspecto patrimonial, o estudo classifica os geossítios a partir de uma escala de grau de relevância local, regional ou global e percepção abstrata (material, demonstrativa, cognitiva e social). O geossítio Banho de Argila de Gaibu, por exemplo, figura com conteúdo simbólico, pois possui outros atrativos além dos elementos geológicos e conteúdo documental, pois está inserido na Bacia Sedimentar de Pernambuco, objeto de estudos de muitos pesquisadores da região, com inúmeras publicações nacionais e internacionais. Já na Trilha das Geoformas e no Estuário e Várzea do Una, foi identificado o conteúdo indicial, presente nos processos e formas geomorfológicas. Segundo a geógrafa, esse tipo de levantamento é a base para a implantação de quaisquer estratégias de geoconservação em um determinado território. “O inventário viabiliza a aplicação de análises qualitativas e quantitativas dos elementos que compõem o patrimônio geológico dessas áreas, avaliando características distintas, como cientificidade, raridade, vulnerabilidade, condições de acesso e/ou potencial turístico, entre outros”, detalha Thaís. É a partir desses dados que a pesquisadora propõe ações de geoconservação, tendo como foco principal as atividades referentes à educação e ao geoturismo. As propostas apresentadas preveem medidas estruturais, quando é feita alguma intervenção física no geossítio tipo obras de infraestrutura, colocação de placas e painéis, demarcação de trilhas, construção de centros interpretativos, museus, entre outros, e medidas não estruturais, como trabalho de conscientização, informação e educação através de cartilhas educativas e informativas, fôlderes, palestras, cursos de capacitação, atividades de educação em ambientes formais e não formais, vídeos de divulgação em mídias sociais, entre outros. DIVULGAÇÃO | Para o geossítio do Banho de Argila da Praia de Gaibu, a autora aponta a necessidade de instalação de um painel informativo destacando a importância das argilas, bem como da geodiversidade e biodiversidade, uma vez que a área está inserida em uma reserva de Mata Atlântica. Ela propõe também pequenas placas de sinalização do geossítio, além da inclusão do geossítio em roteiros, fôlderes e cartilhas geoturísticas; trabalho social de informação e divulgação das informações com moradores, comerciantes e turistas e o fortalecimento, valorização e divulgação do território através das redes sociais sobre a importância das argilas e do seu uso medicinal. Já para as Rochas Vulcânicas Piroclásticas do Engenho Saco, além das placas de sinalização e do trabalho de conscientização da população local, a tese sugere “a instalação de uma pequena estrutura de isolamento de uma pequena área para visitação (apenas para estudantes, professores e pesquisadores) que não interferisse no funcionamento da pedreira” e a “buscar diálogo com o proprietário da área para que seja liberado o acesso até o ignimbrito (pelo menos de estudantes e pesquisadores em excursões didáticas)”. “Mesmo cientes de que uma divulgação maciça dos geossítios implica em aumentar o risco de deterioração dos elementos existentes, entendemos que, como o turismo já está consolidado na região e praticamente todos os geossítios são conhecidos e usados, seja cientificamente ou turisticamente, o melhor a fazer é ordenar essa incursões”, ressalta a pesquisadora. O trabalho foi orientado e coorientado pelos professores Gorki Mariano (UFPE) e Artur Agostinho de Abreu e Sá, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Utad), de Portugal e, além de identificar o patrimônio geológico, oferece sugestões de geoconservação voltadas a geoturismo e popularização das Geociências. “Nosso desejo é que este material ultrapasse os limites do meio acadêmico e possa ser adotado por agentes multiplicadores, a fim de educar para a geoconservação, de modo que as comunidades locais possam, através dos elementos existentes em seu território, se desenvolver social e economicamente”, explica Thaís. Ainda voltado para divulgação e geocomunicação, a tese propõe a criação de uma página na internet em formato de blog, dirigida a todos os públicos A, B e C, assim como o código QR Code (a sigla quer dizer “Quick response”, ou seja, resposta rápida). Assim, explica Thaís, “todo material que contiver seu código inserido no conteúdo será direcionado para o blog, onde estarão informações em geral do litoral sul de Pernambuco e as já contidas nos materiais impressos, como cartilhas, fôlderes e painéis informativos”. As informações da tese, aliás, já estão ganhando o mundo. A Revista Estudos Geológicos, do Departamento de Geologia da UFPE publicou matéria sobre a cartilha, que conta com ilustrações, os roteiros geoturísticos, dicas de acesso, locomoção, informação sobre as formações geológicas e geomorfológicas, museus, ruínas históricas, igrejas, entre outras sugestões de passeios. A publicação ainda traz um mapa que ajudará a compreender os aspectos geográficos e de localização do território, bem como um glossário contendo as verbetes mais específicas. E a Revista Terrae Didática da Unicamp, publicou artigo especificamente sobre os jogos educativos. Mais informações Programa de Pós-Graduação em Geociências do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE
* A fonte desta Geonotícia é diretamente do site da UFPE – https://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=58634:inventario-inedito-aponta-atrativos-geoturisticos-do-litoral-sul-de-pernambuco&catid=597&Itemid=72 |